terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Iniciei a minha caminhada sobre os mistérios da vida ainda muito jovem. Pequeno, meu primeiro passo,
como foi difícil. Conseguir a coragem, a confiança, a força para sustentar o ainda frágil esqueleto.
Mas havia ali duas pessoas que, como sombras, acompanhavam-me e me forneciam a energia da qual
precisava. Primeiro passo, primeiros amigos.
E Era apenas o início de um caminhar.
Fui criança e aos poucos pude ver o quanto o mundo era grande. A cada olhar, um susto com o novo. Entre
brincadeiras, tive o contato com as outras pessoas e percebi que só, nada com o que se brincasse teria sentido, seria
completo.
Cresci, e só nesse momento pude descobrir o valor dos sentimentos. Tive o contato com o riso, com a
lágrima, usei e fui vítima do poder da palavra. Aprendi quantas coisas da vida. Vi que nesta haveria de encontrar os
mais diversos tipos de gente, mas que todos teriam algo em comum, todos precisam de alguém.
Continuei minha caminhada jogando com os dias.
Em um certo momento, recolhi-me a mim. Idéias conturbadas, vozes distorcidas, imagens fictícias, tudo
isso perturbavas o ser. Foi hora de aprender que a solidão nem sempre é só. Aprender que o princípio da vida não é
viver dia mais dia e sim, viver em harmonia. Esquecer a hipocrisia do mundo e não culpar o destino pelo hoje, já
que este nós é que o fazemos. Foi hora então de ignorar as farsas, vencer o guerreiro interno, voltar ao que se é.
Reconhecer em mim um grande amigo e só desta forma poder transmitir algo de bom àqueles que me cercavam.
Tive tempos de escolha, de guerra, de separações quando vi os anjos levarem as pessoas que me haviam
acompanhado até ali. Perdoei e fui antes perdoado.
Tive momentos de vitória nos que muitos me cercavam. Eram faces novas, outras que retornavam e ainda
aquelas que permaneciam. Mas não só de vitórias eu vivi, e nesses tempos pensei estar sozinho. - Onde estariam
todos aqueles que antes me cercavam?! - até que ouvi uma voz exclamar: AMIGO!
Vivi e acumulei amizades. Tive amigos reis, pois eram humanos; tive amigos humildes, pois traziam um ar
divino; amigos ricos, pois eram solitários; amigos pobres, são muitos. Tive amigos jovens, que me traziam
esperança; tive amigos velhos, que eram fontes de resposta. Tive amigos sem definição, pois a amizade não escolhe
raça, posição social, enfim, amizade não se explica, amigos apenas são.
Agora que minha caminhada chega ao fim, vejo que, em tudo que passei, sempre havia alguém ao meu
redor. Com estas pessoas não precisei de máscaras, fui o que era, ajudei e fui ajudado. Sonhei e meus sonhos não
foram só desejos, pois nunca estivera só. Levei a vida e não construí castelos, mas meu império fiz no lugar mais
valioso, que tempestades ou modas não podem destruir. Ainda vivo já o que fiz, sei que está lá, vivo na lembrança
amiga.

Cerimonia do Peregrino - DM

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